A vereadora de Barreiras (857 km da capital) Núbia Araújo (PP) pediu desculpas ontem, em entrevista coletiva, por ter proferido as palavras "bicha louca" durante bate-boca entre alguns vereadores e manifestantes que na semana passada cobravam maior atenção para a questão educacional do município do oeste baiano. "Muitas vezes, no calor de alguns embates, acabamos por proferir palavras que saem de nossa boca, mas não de nossa alma", disse a vereadora, lembrando que "a última sessão foi bastante conturbada e, no clamor das discussões, acabei fazendo uma declaração infeliz. Portanto, quero aqui fazer um mea culpa e pedir desculpas a toda a sociedade barreirense e, especialmente à comunidade GLSBT", declarou. Núbia Araújo acrescentou que tem amigos com relações homoafetivas, "inclusive muitos me consideram madrinha da classe".
Líder estudantil
A queixa de homofobia partiu do grupo de manifestantes que ocupou a Câmara Municipal, especialmente por parte do líder estudantil João Felipe Lacerda, 21, que registrou uma ocorrência no Complexo Policial, reclamando que a expressão da vereadora foi endereçada a ele."Não podemos admitir que no século XXI uma pessoa pública tenha uma postura como esta", disse ele, que ainda não se manifestou sobre o pedido de desculpas. Na segunda-feira, a Mesa Diretora da Câmara, por meio do presidente, Carlos Tito (PDT), emitiu uma advertência para a vereadora Núbia, condenando a expressão. "A advertência tem o objetivo de disciplinar a Casa, pois não podemos tolerar que situações como esta se repitam", disse o presidente. "Creio que a vereadora foi infeliz na colocação. Em nome da Câmara já pedimos desculpas ao estudante", disse o presidente do Legislativo municipal.
"Ofendida"
Núbia Araújo, que considerou a advertência um direito, "já que a Mesa Diretora é soberana", disse que não desacatou os pares, e que foi ofendida, antes de se exaltar. "O líder estudantil me agrediu moralmente. As ofensas motivaram que eu também registrasse uma ocorrência contra ele", ela destacou. E ressaltou que está providenciando, com um advogado, uma ação judicial contra o rapaz, "por difamação, calúnia e racismo".
