Doleiro pagou bezerros e até helicóptero para Argôlo


O doleiro Alberto Youssef – peça central da Operação Lava Jato – pagou móveis, gado, cadeira de rodas e até um helicóptero para o ex-deputado federal Luiz Argôlo (ex-PP, hoje afastado do SD-BA), com dinheiro do esquema de corrupção e cartel na Petrobras alvo da Operação Lava Jato. Denúncia criminal do Ministério Público Federal, desta quinta-feira, 14, em Curitiba, mostra que o ex-parlamentar chegou a usar verba do Congresso para pagar viagens em que foi buscar propina – um total de R$ 1 milhão. Ao anunciar a denúncia contra o ex-deputado, preso desde abril pela Lava Jato, o procurador da República Paulo Roberto Galvão listou os bens adquiridos por Argôlo a partir de sua relação especial com o doleiro. “O Youssef paga móveis para a casa do Argôlo, comprados em nome da esposa; paga gado para o Argôlo, bezerros, e paga ainda o fretamento desse gado; o Youssef paga cadeira de rodas em nome do pai do Luiz Argôlo que seriam disponibilizadas no interior da Bahia; o Youssef faz depósito em conta de assessor parlamentar do Luiz Argôlo e o Youssef faz também entrega de dinheiro para o Luiz Argôlo.” Segundo o procurador, “Luiz Argôlo passou a ser quase sócio nos negócios ilícitos e a ter favorecimentos nos repasses do PP.” O ex-deputado foi denunciado pela prática de 10 atos de corrupção e 93 atos de peculato. Ele é um dos quatro ex-parlamentares que integram o primeiro pacote de denúncias contra o núcleo político da Lava Jato. No esquema, PT, PMDB e PP arrecadava de 1% a 5% em contratos da Petrobras, por meio de um cartel de 16 empreiteiras. “Esse dinheiro que o Youssef usava para passar para o Argôlo vinha do esquema da Petrobras, do cartel. Mas o Youssef usava do seu próprio dinheiro para fazer esses repasses”, explicou o procurador. Segundo sustenta a força-tarefa da Lava Jato, o doleiro tinha interesses eleitorais em sua relação com Argôlo. “Ele (ex-deputado) também recebia porque o Youssef tinha interesse especial na carreira do legislador, ele fala isso expressamente”, afirmou Paulo Galvão. Política Livre.

Sexta, 15 de Maio de 2015