Eventual governo Bruno Reis provoca insegurança em parte de grupo de ACM Neto

Ao afirmar que vai incluir, além do eleitorado de Salvador, amigos e aliados na consulta que pretende fazer para decidir se será candidato ao governo, o prefeito ACM Neto (DEM) não só mitigou o sentimento de exclusão que estava gracejando nestes grupos, como reconheceu neles fonte de apoio e mesmo a existência de conflitos em relação à sua decisão.

Na verdade, ACM Neto iniciou suas consultas, como sempre faz, com a família, cuja participação em sua vida política é ativa, como é do conhecimento de todos. E, ao que parece, não registrou objeção dos familiares à possibilidade de ter que renunciar à Prefeitura para poder concorrer ao governo do Estado em outubro contra o governador Rui Costa, do PT.

No campo dos amigos, é que o sentimento em relação aos próximos passos políticos do prefeito é mais crítico. Uma boa parte deseja que Neto saia candidato, mas o que pode ser considerado um grupo pequeno, porém coeso, argumenta que, por ser jovem, o prefeito poderia evitar o risco de uma derrota, permanecendo na Prefeitura e guardando-se para a próxima sucessão estadual, daqui a quatro anos, quando acha que ele será imbatível.

Neste time, conforme revela uma fonte do Palácio Thomé de Souza com acesso direto ao democrata, incluem-se aqueles que, dadas as suas relações de proximidade com o prefeito, temem virar alvos de algum tipo de “bisbilhotagem” ou perseguição do governo estadual quando a campanha começar.

Na outra ponta, no entanto, estão outros, aparentemente mais influentes, que nutrem certo temor de como será daqui por diante a relação com Bruno Reis (MDB), vice que assumirá a Prefeitura se Neto decidir concorrer. “Você sabe como é. Com o poder nas mãos, as pessoas se transformam”, diz a mesma fonte.

Ele não alude apenas à insegurança que o vice suscita, de forma natural, por não ter tido ainda a chance de exercer sozinho o poder como chefe do executivo e passar a liderar institucionalmente todo o grupo. O ponto crucial, reconhece, são as sequelas causadas pelo tumultuado processo de escolha do candidato a vice na campanha à reeleição de Neto, há dois anos.

Ganha por Bruno, a disputa envolveu mais quatro nomes – Guilherme Bellintani, Luis Carreira, Silvio Pinheiro e João Roma – que aos poucos foram sendo abatidos pelo processo e, em dado momento, quando perceberam que o emedebista era o favorito para se tornar vice, centraram fogo nele. Política Livre.

Quinta, 22 de Fevereiro de 2018